Suplementação de colágeno, o que você precisa saber

Muito se fala, ultimamente, na suplementação de colágeno. Mas, o que exatamente seria isso?

O colágeno é uma proteína extremamente abundante no nosso corpo, corresponde ao colágeno tipo I que representa 25% da proteína total do corpo e 80% do tecido conjuntivo (a nossa DERME, onde fica também o ácido hialurônico e vários ingredientes de hidratação da pele) em humanos.

Devido a esse fato, “ingerir colágeno” na forma de suplemento em pó, bebida, alimentos, se popularizou muito nos últimos anos. É importante salientar que essa demanda teve um impulso importante com as mídias sociais.

Embora seja extremamente comum no nosso corpo, a suplementação de colágeno é polêmica. 

Há disponível no mercado diversas formas, por exemplo: colágeno hidrolisado, peptídeos de colágeno, proteínas do soro do leite acrescidas de colágeno hidrolisado, polivitamínicos com colágeno, ácido hialurônico com colágeno, entre outros.

E todos esses produtos possuem o apelo de ter evidência científica para melhora de rugas, linhas finas no rosto, flacidez corporal e aparência da pele em geral.

Mas será mesmo que a ciência traz evidências sobre essa produção de colágeno?

Estudos sugerem que a suplementação com colágeno hidrolisado pode melhorar a hidratação e elasticidade da pele, retardando o envelhecimento cutâneo.

Por exemplo, uma revisão sistemática (um estudo científico muito robusto) publicada no "Journal of Drugs in Dermatology" em 2019 constatou que o consumo de colágeno hidrolisado por pelo menos 90 dias resultou em melhorias significativas na elasticidade da pele, hidratação e densidade dérmica.

Essa proteína hidrolisada tem sido objeto de diversas pesquisas científicas que investigam seus potenciais benefícios para a saúde da pele, articulações e ossos.

Mas apesar da quantidade de produtos disponíveis, ainda há controvérsias

No entanto, uma das principais críticas é a falta de consenso sobre a biodisponibilidade e a eficácia real do colágeno quando ingerido por via oral.

Muitos cientistas argumentam que, ao ser digerido, o colágeno se decompõe em aminoácidos, que são então utilizados pelo corpo conforme necessário, sem necessariamente direcionar benefícios específicos para a pele ou articulações. Essa questão é extremamente válida quando pensando em dispor dinheiro em um suplemento que ainda possui muitas controvérsias.

Ao pensarmos no mecanismo de direcionamento para a pele, alguns estudos sugerem a digestão dos peptídeos de colágeno no trato gastrointestinal, resultando em pequenos fragmentos de aminoácidos e peptídeos.

Estudos indicam que esses peptídeos bioativos são absorvidos pela corrente sanguínea e podem se acumular na pele.

Um estudo publicado no "Journal of Agricultural and Food Chemistry" em 2017 sugere que peptídeos específicos de colágeno hidrolisado foram detectados na pele após a ingestão oral, sugerindo um potencial para estimular a síntese de colágeno dérmico.

Esses peptídeos poderiam interagir com fibroblastos, as células responsáveis pela produção de colágeno na pele, promovendo a síntese de novas fibras de colágeno e matriz extracelular, resultando em melhorias na estrutura e hidratação da pele.

O que a Literatura Científica diz sobre os compostos na suplementação do colágeno

Além do colágeno, também é frequente vermos produtos com Vitamina C e ácido hialurônico, somados aos peptídeos de colágeno.

Quando pensamos na sinergia desses compostos, encontramos estudos separados para cada componente. Não há ainda muitos estudos que falem sobre os benefícios do colágeno somado à vitamina C e ao ácido hialurônico. Assim, é mais difícil afirmar de fato como esses ingredientes se somam para proporcionar resultados na pele.

Ainda há muita controvérsia na ciência sobre o benefício, ou não, do ácido hialurônico, bem como a vitamina C via oral, quando avaliados separadamente.

O que a ciência diz sobre o Ácido Hialurônico Oral?

O estudo científico de Kawada et al. (2014), indica que a ingestão de ácido hialurônico pode melhorar a hidratação e a elasticidade da pele em adultos. Contudo, outros especialistas questionam a eficácia desses suplementos defendendo que a absorção oral do ácido hialurônico pode ser limitada devido ao tamanho das moléculas e à degradação no trato gastrointestinal.

Além disso, variações nos métodos de pesquisa, como diferenças nas doses, duração do tratamento e características dos participantes dos estudos, dificultam a obtenção de conclusões definitivas e consistentes. Assim, embora existam indicativos promissores, a comunidade científica ainda debate a real eficácia da suplementação de ácido hialurônico oral para a melhoria da elasticidade da pele.

E a suplementação de Vitamina C Oral, ajuda na pele?

No que tange à vitamina C, não ficamos muito longe de polêmicas e controvérsias. Embora exista a importância dela como cofator para a produção de colágeno e existam alguns estudos sobre isso como o do Pullar, Carr e Vissers (2017) que sugerem que a vitamina C, devido ao seu papel na síntese de colágeno, pode contribuir para a melhora da elasticidade e redução dos sinais de envelhecimento da pele. Outros, discutem sobre a forma da vitamina C, biodisponibilidade e a facilidade de se conseguir a dose diária mínima com a correta alimentação.

Mas voltando ao Colágeno: como nosso corpo absorve essa proteína?

A maioria dos estudos científicos defendem que, não necessariamente, os aminoácidos vindos da quebra do colágeno irão especificamente para a pele.

Como assim, aminoácidos?

As proteínas que consumimos (assim como o colágeno) são quebradas em aminoácidos durante a digestão, que são os blocos de construção necessários para a síntese de novas moléculas de proteínas, incluindo o tão desejado colágeno.

Assim, uma dieta rica em proteínas de alta qualidade, como carnes, peixes, ovos, laticínios, legumes e nozes, fornece os aminoácidos essenciais que o corpo utiliza para fabricar colágeno.

Então, se você já consome o aporte necessário de proteínas: qual a necessidade real de consumir colágeno?

Dieta balanceada ainda precisa de suplementação?

Além dos aminoácidos, a síntese de colágeno também requer a presença de outros nutrientes, como a vitamina C, que é crucial para estabilizar a estrutura do colágeno. Essa vitamina é adquirida através do consumo de frutas como a laranja, kiwi, morangos, uvas e acerola. Portanto, manter uma dieta balanceada com uma variedade de alimentos ricos em proteínas e nutrientes ajuda o corpo a produzir colágeno de forma muito mais completa do que a simples suplementação de colágeno. Entender essa diferença pode ser crucial para que o indivíduo faça o correto investimento na sua saúde e longevidade.

Concluindo, como eu direcionaria o meu paciente em sua escolha? Com certeza, no adequado consumo de proteínas. No final, diante de todas as evidências que podem ser controversas acerca da suplementação simples e pura de colágeno, o correto consumo de proteína beneficia, e muito, a saúde e elasticidade da sua pele. Lembrando que o intuito do texto é abordar uma visão científica sobre o assunto e trazer reflexões que podem ser pertinentes quando o assunto é nossa saúde.

Nosso objetivo aqui é sempre trazer conteúdo científico de forma fácil para você caro leitor, para que faça sempre as melhores escolhas em toda sua jornada de cuidados com a pele.

Conte com a gente, sempre! 🙂