Sua pele já afetou seus relacionamentos?
Alguma vez você já se olhou no espelho e, pelo fato de estar com acne, se sentiu desmotivado a sair de casa e encontrar outras pessoas?

Parece besteira, mas isso acontece com mais frequência do que se pensa.
Em toda interação social, quando entramos em contato com uma pessoa, seu rosto (e em consequência, a sua pele) são as primeiras coisas que enxergamos. Por estar envolvida no próprio processo de socialização, a aparência da pele afeta diretamente a autoestima e a autoconfiança das pessoas.
Sabe aquela festa que você deixou de ir porque estava com muitas espinhas?
Aquela oportunidade que você deixou de aproveitar por estar envergonhada ou envergonhado sobre a condição atual da sua pele?
Até mesmo oportunidades de trabalho muitas vezes podem ser perdidas pela baixa autoconfiança que a acne traz.
É normal que a nossa pele afete a nossa autoestima e autoconfiança quando estamos lidando com alguma doença de pele. Mas, quando esse impacto fica muito grande, e as consequências podem trazer riscos profundos à nossa saúde mental, é fundamental procurar ajuda.
Mais abaixo, vou colocar um passo a passo para você se auto-avaliar e entender se é o momento de buscar ajuda.
E em quem o impacto da acne é mais profundo?
As mulheres e os adolescentes são os grupos mais impactados pela acne, devido às características e exigências impostas a eles.
Durante a adolescência, nós desenvolvemos a nossa personalidade, descobrimos os nossos gostos e preferências, passamos a participar de diversos grupos sociais e nos preocupamos com a opinião dos outros, ao mesmo tempo em que o nosso corpo passa por alterações hormonais que facilitam o surgimento da acne.
E a nós, mulheres, é exigido um padrão estético inalcancável que se estende às características do rosto e da pele.
Somado a isso, as redes sociais são consideradas fatores de risco (psicológico) para quem tem acne, já que passamos boas horas do nosso dia olhando imagens e vídeos com filtros e edições, o que fez com que a gente passasse a sentir que todo mundo tem uma pele perfeita, e que a nossa pele, a pele REAL, seja "imperfeita".
Afinal, o que seria uma pele real?
Uma pele real possui poros, linhas de expressão, rugas, manchas, cicatrizes e muitas vezes, acne.
Todas essas características são normais, mas as redes sociais, publicidade, e a sociedade como um todo reforçam o contrário, nos oferecendo todos os tipos de produtos e procedimentos para tratá-las.
É preciso ter discernimento para decidir o que de fato te incomoda e o que é exigência dos outros.
É sabido que nossos gostos são moldados pela sociedade, mas é preciso estar alerta quanto ao que você realmente gostaria de melhorar em sua pele e o que está sendo imposto a você.
Mas como saber a diferença?
Um exercício para descobrir isso é observar o quanto sua pele real (sem nenhum produto que a modifique) é exposta aos outros:
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Você consegue sair de casa sem maquiagem?
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Consegue ficar em casa com seu parceiro amoroso sem uma base ou um corretivo? Consegue postar fotos em redes sociais sem nenhum filtro?
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Consegue conversar com as pessoas sem se preocupar se uma espinha, marca ou cicatriz está à mostra?
Essas são algumas perguntas que podem te ajudar a avaliar a importância que a aparência de sua pele tem em sua vida.
Existem alguns sinais que indicam que a sua pele (e mais especificamente, a acne) está afetando a sua vida e é hora de buscar ajuda especializada:
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discursos negativos, como “eu nunca vou conseguir me curar!”, “eu odeio a minha vida”, “minha pele é horrível”, “ninguém nunca vai gostar de mim com essa pele!”
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sentimento constante de desesperança, irritabilidade, dificuldade em interagir com as pessoas, isolamento social, comportamentos impulsivos (como o skin picking) e;
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Em casos mais graves, ideias e discursos suicidas.
Por que o trabalho com o psicólogo é tão importante para a pessoa acometida pela acne?
O tratamento da acne normalmente é longo, estendendo-se por meses e até mesmo anos, e as melhoras visíveis podem demorar a aparecer. O psicólogo pode auxiliar seu paciente a passar pelo tratamento de forma menos custosa por meio de algumas estratégias:
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Através da escuta, isto é, acolher as queixas daquela pessoa de forma empática, sem julgamentos e com o propósito único de ajudá-la a passar por aquele processo;
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Por meio da psicoeducação, que consiste em explicar as etapas do tratamento e o tempo necessário para que os resultados sejam observados;
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Construir junto ao paciente uma autoestima que não se limite à aparência de sua pele, reforçando outras áreas de sua vida (lazer, relacionamento interpessoal, carreira, estudo etc.);
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Ensino de estratégias para momentos de crise e comportamentos impulsivos (técnicas de respiração, mudança de foco etc.);
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Incentivar o paciente a interagir com outras pessoas acometidas pela acne, para trocar informações, experiências, sentimentos etc.;
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E encaminhar o paciente a um médico psiquiatra caso haja a necessidade de uso de medicamentos.
É mais do que urgente desconstruir crenças irreais sobre pele e acne pois não existem peles perfeitas. Sabemos do uso exagerado de filtros nas redes sociais, por isso JAMAIS SE COMPARE! Procure sempre ajuda, e conte com a gente.
Fica à vontade para compartilhar a sua história aqui nos comentários, e se quiser contar a sua história inteira, é só nos enviar um e-mail. O que a gente mais ama é contar histórias da nossa comunidade, sobre qualquer questão relacionada à pele.
Não sei se você sabe, mas o "journaling, ou o registro diário das nossas emoções é uma técnica que também pode auxiliar muito a colocar para fora aquilo que às vezes não nos sentimos confortáveis em falar com alguém. Você pode tanto escrevê-los em um diário pessoal e guardar com você, quanto escrever para compartilhar em um ambiente onde você se sinta segura, ou seguro. É uma preparação para você falar sobre isso.
Certamente você vai superar essa fase com menos impacto e recuperar sua autoestima, tenha confiança no processo. E estamos aqui também, para te ajudar em cada passo dessa jornada 😉
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Andresa Bibiano
Psicóloga e mestra pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Aficionada pelo estudo do comportamento humano. Nas horas vagas, assiste resenhas sobre cosméticos e adora comprar e testar novos produtos. Com pesquisa e autoconhecimento, chegou a ótimos resultados no tratamento de sua pele acneica. Seu objetivo é compartilhar conhecimento com quem precisa e conscientizar sobre a importância da psicoterapia.
1 comentário
Me senti acolhida pela matéria, incrível!